- Área: 600 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Raphael Franca
Descrição enviada pela equipe de projeto. A trajetoria da comunidade do Vidigal está intimamente ligada às transformações recentes do Rio de Janeiro. Com a criação das unidades de pacificação (UPPs), diversas favelas viram empreendimentos surgirem no alto dos morros e o Vidigal, por sua posição excepcional, tornou-se uma das vitrines desse movimento. Nesse contexto, o projeto de reestruturação surge da necessidade do cliente de ampliar a superficie do espaço de eventos, racionalizando a união de distintos imóveis tanto do ponto de vista do programa quanto da estrutura.
Criado como hostel nos dois andares inferiores, o empreendimento torna-se famoso a partir da aquisição de um terraço superior com acesso separado a partir da rua. O sucesso é tal que o hostel é fechado, mantendo-se apenas o terraço com um pequeno bar e área coberta para shows. Diante da falta de legibilidade a partir da rua e com espaços de apoio insuficientes para o fluxo crescente de clientes, propusemos tanto a reforma dos dois andares do hostel, transformando-os em bar, cozinha e banheiros no nível -1 e em estocagem e administração no nível -2, quanto a criação de um novo andar superior, além de uma nova fachada, retomando a volumetria dos imoveis pré-existentes. A ligação por uma escada permite unir os volumes antes separados por acessos a partir de ruas distintas.
Com as receitas geradas pelos andares inferiores, o cliente pôde capitalizar-se para reformar os andares superiores. Uma nova estrutura metálica vence todo o vão, criando plantas livres que podem se adaptar a novas funções no futuro. No térreo, um volume em madeira abriga, de um lado, o caixa, estocagem, banheiros, loja, monta-cargas e bar, liberando, do outro, o máximo de superfície para as mesas e espaço para shows. Uma escada se superpõe àquela que garante acesso aos andares inferiores, configurando eixo vertical de circulação que conecta os quatro andares antes separados. No primeiro andar, o volume de uma pequena casa é substituido por um bar e banheiros, dividindo a área externa entre um lounge aos fundos e um terraço voltado para a paisagem.
As complexidades inerentes à construçao em terreno de difícil acesso e com mão de obra local não-especializada se refletem na opção pela estrutura metálica , cortada em módulos soldados in loco, e pela escolha de materiais já presentes na comunidade, como os tijolos , grelhas metálicas, madeiras e pallets trabalhados por marceneiros locais. Assim, conforme as diversas fases do projeto, soluções modulares são aplicadas, criando a identidade da arquitetura a partir de elementos simples.
Na fachada e no bar superior, os tijolos plenos são intercalados por outros, quebrados na transversal, criando textura que se modifica conforme a luz. Na parede do bar, alguns tijolos quebrados são substituidos por tijolos plenos para apoiar garrafas, enquanto ao lado da escada tais tijolos estão ausentes, permitindo iluminação e ventilação naturais. Na fachada e no bar superior, os tijolos plenos são intercalados por outros, quebrados na transversal, criando textura que se modifica conforme a luz. Na parede do bar, alguns tijolos quebrados são substituidos por tijolos plenos para apoiar garrafas, enquanto ao lado da escada tais tijolos estão ausentes, permitindo iluminação e ventilação naturais.